No jogo de decisão
Eváglio torceu pelo Atlético Mineiro
Não que fosse atleticano ou mineiro
Mas porque receava o carnaval nas ruas
E se o flamengo vencesse
Teria esse carnaval
Visitava o amigo
Que mora longe
Nenhum dos dois tem carro.
O flamengo ganhou
Procurou um táxi
Para evitar de ir junto com a torcida
Mas foi logo num ônibus
Que não cabia mais ninguém
Com bandeiras rubro-negras
Não eram torcedores cansados
Nem bandeiras pequenas
Parece que tinham guardado o grito
Para depois da vitoria.
Eváglio estava com medo
Pois torceu pelo time vencido
Mas todos dançavam e cantavam
Ele sentiu flamengo dentro de si
A emanação de entusiasmo o contagiava
E o transformava
Simulou cantar
Cantou
Queria se enrolar em uma bandeira
Uma moça abraçou e o beijou
Estava crismado, batizado e ungido.
Uma vez flamengo
Sempre flamengo
O pessoal desceu empurrando Eváglio para continuar a festa
Mas ele mora longe
E se lembrou
Achou que era loucura
Continuar a noite toda
A base do chope, caipirinha, batucada.
Segurou na porta e gritou
"Eu volto gente, só vou trocar de roupa"
Não sabendo como
Chegou intacto ao lar
Sem compromisso clubista
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